domingo, 28 de julho de 2019

Hacker diz que não editou mensagens e que Manuela D'Ávila fez ponte dele com Intercept

Em depoimento à Polícia Federal, um dos presos na terça (23) sob suspeita de ter hackeado celulares de autoridades, Walter Delgatti Filho, 30, afirmou que obteve o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, por meio da ex-deputada Manuela d'Ávila (PC do B), e que não editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las.
O teor do depoimento dele foi revelado nesta sexta (26) pela GloboNews.
Segundo o depoimento, Delgatti procurou Grennwald por conhecer sua atuação no vazamento de documentos secretos dos EUA, no caso de Edward Snowden. O compartilhamento com o Intercept, segundo o preso, foi voluntário e não envolveu pagamento.
Delgatti relatou que o primeiro hackeamento que fez foi do promotor Marcel Zanin Bombardi, de Araraquara (SP), que o havia denunciado por tráfico de medicamentos de uso controlado.
No celular do promotor, Delgatti encontrou um grupo no aplicativo Telegram formado por procuradores da República, chamado "valoriza MPF [Ministério Público Federal]". Pela agenda de um dos procuradores desse grupo, o suspeito disse que conseguiu acesso ao celular do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
Pela agenda de Kataguiri, ainda segundo o suspeito, ele obteve o número do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre os contatos de Moraes, Delgatti obteve o do ex-procurador-geral Rodrigo Janot e, pela agenda dele, chegou aos números dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, entre eles Deltan Dallagnol, Orlando Martello Júnior e Januário Paludo.
De acordo com o suspeito, as invasões aos aparelhos foram realizadas de março a maio deste ano, e o material foi enviado ao Intercept no Dia das Mães (12 de maio).

Nenhum comentário: