domingo, 22 de junho de 2014

MACIEL MELO DIZ QUE SUA MÚSICA ENFRENTE RESISTÊNCIA DE FORROZEIROS


“Pensava que a gente do forró ia deslanchar na Fan Fest, já que a Copa acontece durante o São João. E nem pensava em termos de ser visto no exterior pela TV, mas pelo turista que iria conhecer um outro tipo de música, quando fosse procurar diversão depois do jogo”. O comentário é de Maciel Melo, um dos grandes nomes da música nordestina, considerado um renovador do forró. Num ano imprensado entre Copa e eleições, ele se queixa de que neste período junino está com a agenda menos ocupada do que no ano passado: “Fiz 20 apresentações em 2013, este ano estou com oito a menos. Eduardo Campos diminuiu a força das bandas, mandando aos prefeitos a grade pronta, com artistas de pé de serra contratados pela Fundarpe. Os caras das prefeituras preferem contratar bandas”, comenta Maciel.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva inspirou uma das músicas mais conhecidas de Maciel Melo, Isso vale um abraço: “Embora não fosse filiado a nenhum partido, acreditei no projeto político de Lula, e fiz a música, que depois foi usada numa campanha política em Petrolina, virou quase um jingle, uma saudação do pessoal lá. Mas não tenho partido, sou um artista, fiz porque precisava trabalhar. Mas não participo mais de campanhas. Não tenha mais necessidade de fazer, nem jingle. As pessoas normalmente vinculam o artista com a campanha de que ele participa. As vezes os assessores do prefeito também. por exemplo, eu estou fora do São João de Petrolina, não digo que tenha sido por causa de política, mas pode ser. Em Iguaraci, minha cidade, trabalhei na campanha do candidato que perdeu, mas minha ligação com ele era profissional”, dizMaciel Melo, que se tornou amigo do presidenciável Eduardo Campos, e o artista nordestino preferido do ex-presidente Lula.

Em sua fase de convergência de objetivos com então governador Eduardo Campos, o presidente Lula quando vinha a Pernambuco, costumava convidar Maciel Melo para animar o papo entre ele e companheiro do PSB. Numa de suas vindas ao estado, em Arcoverde, quando foi visitar obras da transposição do São Francisco em Cabrobó, o presidente, desembarcou, foi encontrar o governador e autoridades que esperavam. Depois dos cumprimentos, a pergunta: “Cadê o Maciel?”. O pessoal se entreolhou sem entender bem. Maciel? Marco Maciel? Lula se referia a Maciel Melo, que se reuniu à comitiva presidência em Custódia: “Cantei várias vezes para ele, fui ao palácio da Alvorada uma vez, no aniversário de casamento dele. Normalmente, eu cantava o que queria cantar. Só uma ele me pediu pra repetir uma música, foi Velho arvoredo. Ele se identificava com as coisa que eu cantava, acho que ele estava o Nordeste que ele conheceu quando morou na região”, diz Maciel Melo.

Agora que os dois estão em campos opostos, ele diz que não se constrange em afirmar que fica com os dois: “Como falei, não tenho partido político. Cheguei a Lula por através de Eduardo, que sempre me deu todo apoio. Sou grato a um e outro. Eduardo deu um forte apoio à gente, com ele os artistas eram tratados com respeito. O povo associa o artista ao palanque, mas pelo menos comigo vale mais a amizade, a gratidão”.


E aí ele lembra da participação do radialista Geraldo Freire em traze-lo de volta ao Recife no começo dos anos 2000. Embora já fosse bem conhecido pelo sucesso nacional de Caboclo sonhador e Cantiga de vem-vem, Maciel Melo trocou o Recife por Petrolina, onde achava que havia um campo maior para sua música, que nem se enquadrava totalmente no forró, nem na MPB: “Geraldo começou a me trazer para o programa dele. Foi divulgando meu nome, minha música. Quase toda semana eu estava no Recife, o dinheiro que ganhava era pra pagar passagem, até que voltei e o Recife tornou-se a minha base. Mas para sobreviver mesmo, consigo por causa dos shows acústicos. Apenas eu e o violonista Ananias Jr”, o autor de Caboclo sonhador, que Fagner (que o gravou), considera um divisor de águas na nova música nordestina. (José Teles-JC)

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